: Escrevo não porque sei, mas por gosto e impulso... E assim escrevo errado mesmo...

(E o conteúdo deste blog que não consta fonte, é de minha autoria...)

quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Manuscrito de Dona Meri sobre “Liturgia”

Dias atrás, Marta (minha irmã) encontrou algo que eu considero uma relíquia não só familiar como também da hoje Paróquia Bom Jesus de Pé de Serra, da época em que Comunidade Bom Jesus, sob a condução / animação / responsabilidade de Dona Meri (Méria Ramos Carneiro, minha mãe).
Tal relíquia é um manuscrito de um roteiro de palestra sobre Liturgia, com a caligrafia da minha mãe, redigido por, e para ela mesma utilizar.
Marta compartilhou no grupo de WhatsApp da Nossa Família as fotos do manuscrito em 02 páginas (frente e verso) e digitou o texto. E eu logo pedi para publicar aqui todo o material; primeiro o texto, tal e qual escrito com apenas algumas complementações entre parênteses, seguindo um pouco de história e depois as fotos do manuscrito e outras que ilustrarão o que conto.
TEXTO
Que significa a palavra “liturgia”

Liturgia é uma palavra da língua grega que quer dizer ação do povo: ação em favor do povo é ação do povo reunido na fé em comunhão com toda a Igreja para celebrar o Mistério Pascal - presente na assembleia oferecendo -se ao Pai como um culto perfeito.
Em que momento a liturgia prolonga e realiza o Mistério Pascal de Cristo?
a) no Batismo
b) na Missa
c) na celebração do Domingo Cristão, que é a Páscoa Semanal
d) na celebração do Ano Litúrgico
Nesta perspectiva, o que vem a ser Liturgia?
É a celebração do Mistério Pascal. Porque Jesus Cristo é o centro de tudo e a celebração vem recordar tudo o que ele viveu e realizou com a grande finalidade de salvar e libertar todos os homens tornando todos Filhos de D(eus).

Onde Maria entra na liturgia?

No Ano Litúrgico.
Entre todos o(s) eleito(s), resplandece a figura de Maria, Mãe de Jesus e Mãe do povo de Deus. “Ela é membro eminente e Modelo da Igreja”.
Várias vezes anualmente, desfilam diante de nós as festas de Nossa Senhora - sem esquecer o mês de maio, a ela totalmente consagrado.
Nos documentos da Igreja, Maria é reconhecida como modelo extraordinário da Igreja na ordem da Fé.
No Magnificat, a liturgia de todos os tempos, cantara a misericórdia de Deus Onipotente.
O Papa Paulo VI apresenta Maria como modelo de atitude no exercício do culto para toda a Igreja na escuta da Palavra de Deus e da oração.
A Imaculada Conceição apresenta-nos em Maria o rosto do homem novo por Cristo. Na Assunção, manifesta o sentido do corpo santificado pela Graça.
A Virgem Maria fez-se serva do Senhor.
A Escritura apresenta como alguém que indo visitar Isabel por ocasião do parto, presta-lhe serviço muito maior de anunciar-lhe o Evangelho com as palavras do Magnificat. Em Caná, está atenta às necessidades da festa e sua intercessão provoca a fé dos discípulos. (Jo 2, 11)
Todo o serviço que Maria presta aos homens consiste em abri-los ao Evangelho e convidá-los a obedecer-lhes: "Fazei tudo o que Ele vos disser!" (Jo 2, 5)
Maria é verdadeiramente Mãe da Igreja Marca o povo de Deus. Paulo VI diz: " Não se pode falar da Igreja sem que esteja presente Maria."
Após a Assenção (ascensão) de seu filho, Maria assiste com suas orações a Igreja nascente no dia de “Pentecostes” reunida com os apóstolos e algumas mulheres. Vemos Maria pedindo também ela com suas orações do E(spírito) S(anto), o qual na Anunciação a tenha coberto com sua sombra.

Observem o conteúdo, o vocabulário e a redação, de uma pessoa que só tinha o curso primário, correspondente ao atual Fundamental I! Ah se tivesse tido a oportunidade de ter concluído e/ou avançado seus estudos! A caligrafia - visível nas fotos, era linda e legível! (sou filha coruja e apaixonada, gente... Rs)

Continuando...

O manuscrito foi encontrado dentro do Catecismo da Igreja Católica – CIC que foi de minha mãe. Sim, logo que foi lançado a edição vigente, o da capa amarela atualmente, minha mãe logo pediu que Da Paz (minha irmã) comprasse na loja das Edições Paulinas em Salvador um exemplar para ela. Quando chegou ela não gostou da capa: era feia e frágil na concepção dela; não aguentava o “bate” que ela dava no pobre! Ficava improvisando capas protetoras até que:
- Gabe, faz uma capa pra o meu catecismo como a que tu fez pra teu livro do Auto da Compadecida?
- Faço sim!

Ela usou muito seu Catecismo: estudava e se valia dele para preparar tantas catequeses que apresentava nos Cultos Dominicais na Igreja do Bom Jesus de Pé de Serra, nas palestras em outras comunidades e diversos cursos que ministrava sendo a maioria deles de Preparação para Pais e Padrinhos de Batismo nos quais eu a ajudei muito.

Isso e muito mais, Dona Meri fez na Igreja do Pé de Serra! Desde 1973 até 1997 quando se afastou.
Dos agentes de pastoral atuantes hoje na paróquia, restam ainda alguns poucos dos que conviveram com ela. Mas mesmo esses, deixam de citar o nome e os feitos de Méria e de nossa família em suas narrativas públicas sobre vivências... Bem lembro de ouvi-la falar que quase ninguém a escutava, e que chegou a ouvir falas tipo "nunca sabia disso" de pessoas daqui quando alguém forâneo dizia coisas que ela vivia falando...

Ah! mas eu vou fazer o que gosto: contar histórias que ouvi e vivi com ela... Cheia de amor!

Méria foi uma mulher estudiosa, autodidata, ciente de sua responsabilidade como católica leiga, e mesmo afastada do serviço, continuou a viver seu amor pela Igreja: lia, observava, pesquisava e catequisava filhos, netos e todos os que se permitiam tal prazer. 
Viveu toda sua caminhada na Comunidade sonhando com a Paróquia... Lembro de vê-la perguntando a Dom Silvério Albuquerque no dia que me crismei, (julho 1990!) o que era preciso para que a nossa comunidade se tornasse paróquia. E umas das alegrias dela na última Festa de Bom Jesus que viveu, foi ver esse seu sonho se realizar... Retornou para Deus em novembro naquele mesmo ano, 2018.

Observem nas fotos que vou publicar, que a edição do CIC é apenas a 5ª!, o ano da impressão (1992), é o seguinte ao do lançamento (1983), e era uma publicação conjunta das 04 maiores editoras católicas...

Manuscrito, frente

Manuscrito, verso

Catecismo, folha de rosto 01, com informações de Edição

Catecismo, folha de rosto 02 com o nome da Dona escrito pela própria

Catecismo, Capa original

Catecismo, Capa que eu fiz


Outras publicações sobre minha mãe e suas vivências na Comunidade de Bom Jesus, aqui no blog:
  1. Méria Ramos, MECE na Igreja do Bom Jesus - Reedição de Álbum do Facebook de fotos dela enquanto Ministra da Comunhão, com um pouco sobre os Cultos Dominicais que ela celebrava.
  2. A Comunidade de Bom Jesus de Pé de Serra - Na experiência vivida e contada por Méria Ramos Carneiro (Dona Meri)
  3. E mais sobre as vivências dela e outras coisas da e na Igreja do Bom Jesus, no Marcador Pé de Serra/Igreja Católica...

Durante a criação dessa publicação, lembrei muito de Darcy Netto. O motivo da recordação ele e alguns outros sabem sem que eu precise explicar.

Em 01 de setembro de 2023.



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