Mas, o que é o Baile dos Astros?

Os Astros da Furacão 2024 com Dona Mariazinha

O texto "Baile dos Astros", usado como parte do tema e enredo da Junina Furacão 2024, é um fragmento do Bailado de Pastorinhas, manifestação folclórica trazida pelos portugueses e espalhada por diversas regiões do Brasil. Um teatro musical de teor natalino, que por ser apresentado diante de um Presépio, ficou conhecido também como tal; o termo "pastorinhas" vem de pastores, personagens do Natal de Jesus.

É formado por diversos atos distintos e independentes, chamados de "bailes". Além do “Baile dos Astros” há diversos outros...

Cada Baile, tem em média 05 (cinco) personagens, na sua maioria femininas, tendo também os masculinos. A dinâmica é sempre a mesma: as (os) primeiras (os) disputam entre si a prioridade de adorar o Jesus Menino, sendo que a (o) última (o) faz a conciliação e conclui-se com todos juntos cantando e louvando à Jesus no Presépio.

A música do Baile de Pastorinhas, é ritmada por pandeirinhos. (E haja latas de goiabada e tampinhas de garrafa!)

Há também o "Glória", ensaiado, apresentado cantado e dançado, também com pandeirinhos, por todas as pastorinhas e pelos poucos pastorinhos que também fazem parte do elenco.

Penso que antes de todos os "Bailes", para introduzi-los, tem uma outra parte, no qual as Pastorinhas pedem que alguém as levem em Belém...

♪♫"Não há, não há

Quem queira ganhar um vintém...

Para levar as pastoras em Belém,

Para levar as pastoras em Belém... "♪♫

E aí entra o que eu chamo de Velho do Vintém...

♪♫"Sou eu, sou eu

Que quero ganhar um vintém

Para levar as pastoras em Belém

Para levar as pastoras em Belém... " ♪♫

 E as pastorinhas respondem...

♪♫"Arretira-te, velho
Chegaste pra lá
Não impede as pastoras
Que querem bailar... " ♪♫ (Créditos para Marta nessa parte, rs) 

(Sempre lembro de minha mãe cantarolando isso... Rs... Ela contava que assistia Bailados de Pastorinhas na sua infância em Ichu...)

Em Pé de Serra, Dona Mariazinha, promoveu esse Bailado em diversos anos (entre as décadas de 70 e 80), envolvendo diversas gerações...

Eu lembro de assistir rs:

Vi Ana Laura vestida da Terra do Baile dos Astros; lembro de ajudar Eliana Cordeiro a ensaiar para o Baile dos Continentes...

Marta também chegou a participar como pastorinha e no Glória...

Marta e uma galera de pastorinhas..rs

Ana Rita também fez a Terra e Eulina (de um outro Baile) e publicou essa fotinha em um grupo de WhatsApp pra contar rs...

A "Terra" e a "Eulina" de Ana Rita

Lembro que Jomar amava! Participava de vários Bailes, fazendo assim diversos papéis, entre eles o Velho do Vintém rs..

Quando ele (Jomar), foi meu professor, encenou alguns Bailes e o Glória, com as 03 séries do Ensino Médio do CEPFR do ano de 1991. Escapei de um dos papéis no Baile que minha sala encenou porque faltei aula no dia da distribuição das personagens e Jomar até ficou sentido por isso... Rs. Mas participei do Glória e segue o registro.

Eu (segunda) no Glória, em 1991

Ah! Mas eu ainda tenho um texto, manuscrito, do Baile da Cigana que Da Paz intencionou fazer... Vejam aí...

Parte do meu manuscrito do Baile da Cigana

Então, Dona Mariazinha, cuidadosa, ainda arquiva o texto; de excelente memória recorda as melodias até então, e forneceu a Trindade, o Baile dos Astros, para que ele usasse como parte do enredo da quadrilha e a partir do qual ele criou o eclíptico Romance do Sol com a Lua.

Eu consegui recordar as melodias e até ajudei Bellus com a parte dela...

Também vi, através de um Stories do Instagram de Rivanir, Dona Semi acompanhar cantando junto com os personagens da Junina Furacão enquanto ela assistia a apresentação do Concurso de Quadrilhas Juninas da Febaq...

Ah! Como essas memórias culturais me empolgam!

Amei a criatividade de Trindade que resgatou essa manifestação cultural tão significativa pra Pé de Serra!

E viva Dona Mariazinha!

E viva a Junina Furacão!

E viva a cultura!

E eu nem conversei com Dona Mariazinha sobre isso tudo... Estou me devendo essa prosa. rs

Em, 30 de junho de 2024

@anita_carneiro - Anita Garibalde Ramos Carneiro
Pé de Serra pelas memórias de Anita Garibalde